Último mês do chamado inverno meteorológico não terá nem El Niño nem La Niña com períodos de calor e outros de frio

O que esperar do clima em agosto? O oitavo mês do ano é o terceiro e último do inverno climático. A estação fria termina pelo critério astronômico apenas na segunda metade de setembro. Gradualmente, alguns traços climáticos da primavera começam a aparecer. Por isso, agosto costuma ter a temperatura média mais alta do inverno, sendo menos frio que junho e julho, conforme a Metsul Meteorologia.

Alguns chamam agosto de “mês do desgosto”. Outros o chamam de “mês do cachorro louco”. Fato é que, no clima, agosto não é um mês comum. Costuma ser marcado por extremos de temperatura e precipitação no Sul do Brasil.

No passado, agosto já teve grandes enchentes, como as de 1965 que afetaram a Metade Norte do Rio Grande do Sul. Também houve grandes nevadas, como a de 1965, a de 1984 que trouxe neve até Porto Alegre, e a de 2013, a maior deste século no Sul do Brasil.

A combinação de falta de chuva, baixa umidade e tempo quente favorece o aumento das queimadas. No Cerrado, agosto tem a segunda maior média mensal de queimadas do ano. O mesmo ocorre no Pantanal. Em ambos os biomas, setembro tem a maior média de focos de calor do ano.

Nos Campos de Cima da Serra do Rio Grande do Sul e no Planalto Sul Catarinense, agosto é um mês de queima frequente do campo. Essa prática controversa traz fumaça para as cidades dessas regiões e, muitas vezes, para outras áreas dos dois estados, como o litoral.

COMO SERÁ A CHUVA EM AGOSTO

Agosto é tradicionalmente um mês mais chuvoso no Sul do Brasil, sobretudo no Rio Grande do Sul. No Paraná, porém, o regime de precipitação nesta época se aproxima mais do clima do Centro do Brasil, resultando em menos precipitação.

Diferentemente do ano passado, o clima em agosto deste ano não terá a influência do El Niño, que favorece excesso de chuva. Sob uma condição de neutralidade, como agora, não há uma tendência clara para chuva acima ou abaixo da média. Portanto, podem ocorrer sinais mistos.

A tendência, entretanto, é que agosto tenha precipitação perto ou acima da média na maioria das áreas do Sul do Brasil, com maiores volumes de chuva no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. No entanto, mesmo nesses dois estados, a chuva pode ficar abaixo da média em algumas regiões, especialmente nos pontos mais a Oeste e ao Sul. No Paraná, espera-se chuva perto ou abaixo da média na maior parte do estado, com chance de valores acima da média em áreas próximas da costa.

Assim, agosto é um mês marcado por variações climáticas significativas. Portanto, acompanhar as previsões meteorológicas é essencial para se preparar para possíveis extremos. Essa variabilidade climática faz de agosto um mês interessante e desafiador para a região Sul do Brasil.

E A TEMPERATURA? CLIMA GELADO OU QUENTE EM AGOSTO?

Agosto é um mês de grande variabilidade térmica no Sul do Brasil com dias frios a muito frios e outros de temperatura alta é até calor. São normais radicais mudanças de temperatura em curto período em alguns dias gelados que, no passado, trouxeram até nevadas fortes.

A tendência no Sul do Brasil é de um mês de agosto sem frio persistente ou que possa se considerado frio. Não repetirá o absurdo agosto de 2012 com altíssima frequência de dias de calor e vários por demais quentes, mas terá jornadas de temperatura alta.

Desenha-se um mês mais ao Sul do Brasil em dois tempos. Grande parte da primeira metade do mês deve ser mais quente com alguns dias de calor, até forte para esta época do ano, ao passo que perto da metade do mês, entre a segunda e a terceira semana, e em parte da segunda quinzena, podem ser registrados dias mais frios. No final do mês, poderia voltar a aquecer na última semana.

No começo do mês, na primeira semana de agosto, uma massa de ar muito quente vai se instalar no Nordeste da Argentina, Sul do Brasil e no Paraguai, o que vai trazer dias de temperatura muito alta no Sul do Brasil.

COMEÇA A ÉPOCA DOS TEMPORAIS

Estados mais ao Sul do Brasil, principalmente o Rio Grande do Sul, costumam ter um aumento dos temporais a partir de agosto pela maior variação de massas de ar frio e quente na comparação com junho e julho e à medida que se aproxima a primavera. Há um incremento, em especial, das ocorrências de granizo, mas cresce também o risco de vendavais e de episódios de chuva muito intensa em curto período com alta frequência de raios.

Com temperatura em muitos momentos acima da média e uma maior perspectiva de chuva e ainda o ingresso de incursões de ar mais frio, há o risco de que agosto neste ano no Centro-Sul do Brasil registre temporais.