Tabagismo afeta milhões e pode ser vencido com apoio profissional, alerta campanha nacional
No Dia Nacional do Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, o Brasil reforça a urgência de prevenir e tratar o tabagismo, destacando seus riscos à saúde, a dependência da nicotina e os benefícios imediatos e a longo prazo de abandonar o cigarro, com apoio disponível pelo SUS.

Além dos impactos à saúde, os custos com o tratamento de doenças relacionadas ao tabaco superam em cinco vezes a arrecadação gerada por sua venda.
No dia 29 de agosto, o Brasil volta os olhos para um dos mais urgentes desafios de saúde pública: o tabagismo. O Dia Nacional do Combate ao Fumo convida à reflexão sobre os riscos do cigarro e ressalta a necessidade de prevenir o início do vício e apoiar quem deseja abandoná-lo.
De acordo com dados do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer - INCA, o Brasil tem cerca de 21 milhões de fumantes adultos. Após anos de queda, a prevalência do tabagismo voltou a crescer em 2024, atingindo 11,6% da população, um aumento de 25% em relação ao ano anterior. O cigarro é responsável por cerca de 161 mil óbitos por ano no país, o que representa aproximadamente 13% das mortes anuais. Além dos impactos à saúde, os custos com o tratamento de doenças relacionadas ao tabaco superam em cinco vezes a arrecadação gerada por sua venda.
Além disso, o tabagismo está diretamente ligado a mais de 50 doenças, entre elas vários tipos de câncer, como os de pulmão, boca, garganta, esôfago, bexiga e pâncreas. "Além dos cânceres, é um dos principais fatores de risco para infarto, AVC e doenças pulmonares como bronquite crônica e enfisema", destaca Larissa Soares, docente do curso Técnico em Enfermagem da Escola Técnica Fundatec. Segundo ela, o cigarro afeta praticamente todos os sistemas do corpo, comprometendo a saúde de forma ampla e progressiva.
Os danos, no entanto, não se restringem aos fumantes. O fumo passivo também traz sérias consequências. Pessoas que convivem com fumantes estão expostas às mesmas substâncias tóxicas presentes na fumaça do cigarro. "Crianças, por exemplo, têm maior chance de desenvolver asma, infecções respiratórias e prejuízos no desenvolvimento pulmonar", explica Larissa.
A dependência da nicotina costuma dar sinais claros, que afetam tanto o corpo quanto a mente. Tosse frequente, cansaço ao realizar pequenas tarefas, insônia, irritabilidade e ansiedade estão entre os sintomas. A necessidade de fumar logo ao acordar ou em momentos de estresse indica um grau elevado de dependência.
Mas por que é tão difícil parar de fumar, mesmo sabendo dos riscos? Larissa explica que a nicotina causa dependência química e psicológica: "Ela age no cérebro liberando dopamina, uma substância ligada à sensação de prazer. Isso reforça o hábito e torna a cessação mais difícil, especialmente quando existem fatores emocionais ou sociais envolvidos."
Para quem deseja abandonar o vício, existem diversos caminhos. O tratamento pode incluir apoio psicológico, participação em grupos, uso de medicamentos como adesivos, gomas de nicotina, sempre com orientação profissional. Mudanças no estilo de vida também ajudam, como identificar gatilhos, criar novas rotinas e buscar suporte emocional são estratégias eficazes.
E os benefícios ao corpo começam logo após o último cigarro. Em apenas 20 minutos, batimentos cardíacos e pressão arterial já se normalizam. Após 24 horas, o risco de infarto diminui. Entre duas semanas e três meses, há melhora na circulação e na função pulmonar. Em um ano, o risco de doenças cardíacas cai pela metade. A longo prazo, há redução significativa no risco de câncer e doenças respiratórias, além de melhora no paladar, olfato, disposição e qualidade de vida.
Vale destacar que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece programas gratuitos de combate ao tabagismo em todo o país. O atendimento é feito principalmente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), com acompanhamento de equipes multiprofissionais, consultas médicas, grupos de apoio e, quando necessário, fornecimento de medicamentos. "Qualquer pessoa pode procurar uma UBS para iniciar o processo", reforça Larissa.