Soldado Santana se despede de São Marcos após oito anos de dedicação, serviço e laços construídos com a comunidade
Natural de Sant’Ana do Livramento, o bombeiro pediu transferência para sua terra natal para cuidar da mãe que enfrenta problemas de saúde. A partir de 2026 Santana passa a atuar na Fronteira Oeste do Estado.
Entre sirenes, ensinamentos e laços que o tempo não apaga, o Soldado Santana se despede de São Marcos levando no coração uma história construída com dedicação, respeito e muito amor pela profissão | Fotos: arquivo pessoal
Depois de oito anos de atuação em São Marcos, o Soldado Santana, do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul, se despede da cidade que marcou profundamente sua trajetória profissional e pessoal. Jovem na idade, mas experiente na corporação, ele se tornou um dos bombeiros com mais tempo de serviço no quartel local, período que inclusive corresponde a metade da história do São Marcos Online, tempo suficiente para criar vínculos sólidos com colegas, imprensa e, principalmente, com a comunidade são-marquense.
Natural de Sant’Ana do Livramento, na fronteira oeste do Estado, Cristian Santana tem 32 anos e carrega desde a infância o sonho de ser bombeiro. A inspiração veio cedo, ainda menino, ao acompanhar um primo, hoje in memoriam, que era bombeiro militar e o levava ao quartel. “Foi assim que conheci a profissão e me espelhei nele para chegar onde cheguei”, relembra.
Em São Marcos, cidade para onde foi transferido há cerca de oito anos, o soldado encontrou muito mais do que um posto de trabalho. Profissionalmente, foi ali que ele afirma ter aprendido, de fato, a ser bombeiro. “Sempre fiz o meu melhor em prol da comunidade”, destaca. Já no aspecto pessoal, a cidade teve papel fundamental na sua formação como militar e como ser humano. Vindo do Exército, Santana conta que chegou com uma postura mais fechada, que foi sendo transformada ao longo do tempo. “Quando falo em São Marcos, lembro de casa. Foi meu local de trabalho e meu lar.”
Durante sua passagem pelo pelotão, além da atuação operacional, Santana desempenhou funções administrativas importantes, passando por áreas como comunicação social, logística e setor de pessoal. Cada uma dessas experiências contribuiu para seu crescimento profissional e pessoal. No entanto, há uma função que ocupa um lugar especial em sua história: a de instrutor do Projeto Bombeiro Mirim. “É a função que tem meu coração”, resume, ao falar do impacto de ensinar, orientar e inspirar crianças e adolescentes.
Entre os momentos mais marcantes vividos na cidade, ele destaca a própria chegada à Serra Gaúcha. “Nascido e criado na fronteira, vim para São Marcos sem saber o que esperar”, recorda. Do convívio diário, leva uma certeza que considera aprendizado para a vida: “Quem faz o bem, recebe o bem”. Soma-se a isso a relação interpessoal sempre positiva com os colegas de quartel, marcada por respeito e companheirismo.
Entre as ocorrências que marcaram sua trajetória Santana lembra de um caso envolvendo um bebê: “Em 2021 atendi uma ocorrência de engasgamento de bebê, enquanto eu ia passando as informações para a mãe pelo telefone, no mesmo tempo ia despachando a guarnição para ir na casa da vítima, quando a guarnição chegou na casa o bebê havia sido desengasgado pela mãe através das orientações que passei por telefone.”, relembra o soldado. Santana afirma que o sentido da profissão se renova a cada atendimento bem-sucedido e a cada aprendizado repassado aos Bombeiros Mirins. “É ali que reforço o porquê de estar onde estou.”
A relação com a comunidade de São Marcos é descrita por ele como próxima e verdadeira. Desde conversas simples no mercado até o contato direto em ocorrências, o soldado sempre sentiu a confiança e o carinho da população. “Saber que as pessoas confiam em nós é a certeza de que o trabalho está sendo bem cumprido”, afirma.
Nesse contexto, Santana também ressalta a importância da parceria com a imprensa local, que acompanhou de perto muitas ações do Corpo de Bombeiros ao longo dos anos. Para ele, a comunicação é fundamental tanto para dar visibilidade institucional ao trabalho da corporação quanto para aproximar a comunidade da realidade vivida pelos profissionais durante as ocorrências.










Agora, com a transferência para sua terra natal, para cuidar da mãe doente, os sentimentos se misturam. Há alegria por voltar para casa, reencontrar as origens e manter amizades que, segundo ele, o tempo não apagará. Mas também há um sentimento de despedida profunda. “De certa forma, é um luto por deixar essa cidade que foi minha casa por quase oito anos”, confessa, lembrando das pessoas que conheceu e do carinho recebido, especialmente nas últimas semanas, quando muitos fizeram questão de ir ao quartel se despedir.
Entre os aprendizados que leva de São Marcos para a nova etapa da carreira, Santana destaca uma lição clara: a confiança leva tempo para ser construída, mas pode ser perdida facilmente. “Depois de conquistada, só há uma pessoa que pode estragar isso: tu mesmo.”
Em sua mensagem final à comunidade, o tom é de gratidão. Ele agradece à população que acolhe, abraça e confia no trabalho do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul, reafirmando que a corporação estará sempre à disposição. “Estou indo para minha cidade natal, mas levo São Marcos no coração. É uma cidade que me proporcionou muitas alegrias e que certamente irei visitar.”
Santana também faz questão de agradecer a Deus, à família, que mesmo à distância sempre ofereceu apoio, aos colegas e amigos de quartel, cujo trabalho conjunto tornou a caminhada mais leve, e aos comandantes que confiaram em seu trabalho. Em especial, cita o Sargento Philipe, pelo incentivo e parceria na criação e consolidação do Projeto Bombeiro Mirim, permitindo que ele realizasse o sonho de ser instrutor.
A despedida do Soldado Santana deixa em São Marcos não apenas a ausência de um profissional dedicado, mas o legado de um bombeiro que fez da cidade sua casa, serviu com comprometimento e conquistou, com simplicidade e trabalho, o respeito e o carinho da comunidade.












