Localizada às margens da BR-116, uma das principais rodovias do país, São Marcos integra uma rota considerada estratégica tanto para o fluxo regular de veículos quanto para o trânsito de ilícitos combatidos diariamente pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). A avaliação é do chefe da Delegacia da PRF em Caxias do Sul, Jonatas Josué Nery, em resposta aos questionamentos do São Marcos Online sobre a realidade regional em 2025.

Segundo o dirigente, o fato de o município estar situado na BR-116 coloca São Marcos diretamente dentro de uma rota que concentra intenso tráfego rodoviário. “Sem dúvida, é um município abrangido por essa rota, tanto lícita, com fluxo significativo de veículos, quanto ilícita, como ocorre em qualquer rodovia de grande porte”, explica.

Drogas, veículos e crimes econômicos

Dados da PRF referentes a 2025, até o dia 16 de dezembro, evidenciam a dimensão do enfrentamento ao crime nas rodovias da região. No período, foram apreendidos:

• 523,8 kg de maconha
• 48,28 kg de cocaína
• 4,23 kg de crack
• 2,64 kg de haxixe
• 1.042 unidades de ecstasy

Além das drogas, as ações envolvem a recuperação de veículos furtados ou roubados e o combate a crimes como contrabando e descaminho, que, embora considerados menos graves do ponto de vista penal, impactam diretamente a economia e o comércio legal.

De acordo com Nery, a PRF ainda não consegue afirmar com precisão se o aumento das apreensões reflete um crescimento do tráfico ou o aprimoramento das ações policiais. “O que podemos dizer é que, ano após ano, a PRF tem batido recordes de apreensão, muito em função da evolução da inteligência policial, da expertise e da assertividade das operações”, afirma.

Rotas alternativas e atuação integrada

Embora a BR-116 seja um eixo central, a criminalidade organizada tem buscado evitar trechos mais fiscalizados, especialmente entre Vacaria e Caxias do Sul. Nesse contexto, rotas alternativas ganham protagonismo. Estradas vicinais, caminhos não pavimentados e outras rodovias secundárias são utilizadas para tentar burlar a fiscalização.

“Já realizamos apreensões em rodovias como a RS-122 e sabemos que muitas ocorrem por rotas vicinais que entram no Rio Grande do Sul desviando das principais vias pavimentadas”, destaca o chefe da PRF.

Esses deslocamentos, segundo ele, são feitos por quadrilhas altamente especializadas, que operam com batedores, olheiros e informantes. Por isso, a atuação da PRF não se baseia apenas em blitz ou presença ostensiva. “Esses ilícitos não passam quando estamos visíveis na rodovia. Eles são avisados e suspendem o deslocamento”, explica.

Diante disso, a atuação ocorre de forma integrada com a Polícia Civil, a Brigada Militar e, principalmente, com os setores de inteligência das corporações, permitindo operações pontuais e mais eficazes.

Comunidade como aliada

Mesmo com reforço permanente na região, a PRF reforça que a colaboração da comunidade é fundamental. Informações de usuários das rodovias ajudam a direcionar ações e verificações.

Veículos com características incomuns para a região, comportamento suspeito, paradas frequentes às margens da rodovia ou em estradas vicinais, especialmente próximas a porteiras de propriedades, podem e devem ser comunicadas à PRF. “Dentro da nossa capacidade operacional, fazemos a verificação de imediato”, garante Nery.

São Marcos no mapa da segurança regional

Inserida em um corredor rodoviário estratégico, São Marcos não está isolada da dinâmica do crime organizado que atua nas estradas do Sul do país. Ao mesmo tempo, o município se beneficia de uma presença constante e de operações qualificadas da PRF, que tem intensificado o combate ao tráfico de drogas e a outros ilícitos.

A posição geográfica que traz desafios também reforça a importância da integração entre forças de segurança e da participação da comunidade, consolidando São Marcos como ponto relevante no mapa da segurança regional.