Sessão Solene: emoção, tradição e reconhecimento marcam homenagem aos guardiões da cultura gaúcha em São Marcos
O Troféu Padre Pedro Rizzon foi entregue a três guardiões do tradicionalismo em noite emotiva em São Marcos: Antônio Renato Gobbi, Antônio Rubens de Castilhos e Soingelene da Silva Rodrigues celebram suas trajetórias culturais e comunitárias

Três pessoas homenageadas seguram placas do Troféu Padre Pedro Rizzon em uma cerimônia tradicionalista: à esquerda, Antônio Renato Gobbi; ao centro, Soingelene da Silva Rodrigues; à direita, Antônio Rubens de Castilhos. Ao fundo, parede de madeira com o painel “Galpão Campeiro Carlos José Michelon” e símbolos gauchescos. Créditos: Zaira Ballardin
Na noite de ontem, sob o luar de setembro, São Marcos se reuniu para uma celebração que vai além do protocolo: uma homenagem de alma, pensada na tradição, nos laços vividos, no caminho percorrido por quem nunca desistiu de manter vivo o gaúcho que vive em cada um de nós. A Câmara de Vereadores realizou a Sessão Solene de entrega do Troféu Padre Pedro Rizzon, durante os Festejos Farroupilha 2025, no Espaço Cultural Carlos José Michelon. Sala cheia, emoção à flor da pele, corações unidos.
A cerimônia teve início com o presidente da Câmara, Vereador Antônio Luiz Brochetto, ouvindo o silêncio respeitoso da plateia, ele bradou ao microfone:
“Boa noite senhoras e senhores. Iniciamos a partir de agora os trabalhos da sessão solene de entrega do Troféu Padre Pedro Rizzon aos homenageados do ano de dois mil e vinte e cinco.”
Foi esse “Bom noite” que abriu também portas para histórias de vida, para as memórias que constroem São Marcos.
A mesa foi composta por várias autoridades: o prefeito Volmir Rech, a vice-prefeita Fabiana Dutra de Oliveira, vereadores e vereadoras, secretários municipais, representantes das entidades tradicionalistas — os coordenadores dos Festejos Farroupilha Cisa Santos, Cristian Castilhos e Felipe dos Reis —, CTGs, piquetes, laçadores, prendas, peões. A todos eles, agradecimentos, olhares, risos e lágrimas.
As vozes que emocionam
Cada homenageado se levantou como testemunha de um tempo: do ontem, do agora, e do futuro que se forja com esforço silencioso.
Antônio Renato Gobbi ("Tato"), com seu passado de fundações, museu, biblioteca, bailes, cursos. Ele, emocionado, disse:
“Agradeço essa homenagem que me é feita… sintam se também todos homenageados…”
Ele falou do CTG Porteira da Serra, das noites de trabalho, das decisões para preservar o patrimônio cultural, das pessoas que vieram junto. Disse que se sente feliz, realizado, e que nada disso seria possível sem o apoio da esposa, dos netos Augusto e Bibiana.
Antônio Rubens de Castilhos ("Rubão") subiu ao palco entre aplausos. Mesmo estando hoje mais nos bastidores, ele não perdeu a voz que vibra nas arquibancadas, nas reuniões, nos rodeios. Ele disse algo como:
“Receber este… troféu Padre Pedro Rizzon… é uma honra… que sim… com muito orgulho… que venho sempre fazendo parte… desta Querência.”
Uma declaração breve, mas carregada: de gratidão, de vínculo com a família, com os piquetes, com a cultura que vive no campo, nos rios, no gado, no laço.
Soingelene da Silva Rodrigues, talvez a mais silenciosa em termos de disputas, mas grandiosa em dedicação. Ela falou de sua trajetória: começou auxiliando no quadro de laçadores, acompanhou o esposo, viu entidades se fortalecerem, ajudou nos piquetes — não para competir, mas para servir, amar, ser pilar. Em suas palavras:
“… ainda que nunca tenha laçado… sempre estive presente… nos festejos farroupilhas… apoio… amor… colaboração… gratidão a minha família…”
Sua voz tremia de emoção, sua presença foi lembrança de que tradição não é só fazer, mas também cuidar, acompanhar de coração aberto.
Do protocolo à alma da tradição
Durante a cerimônia, diversos vereadores tomaram a palavra, como os lideres de bancada Celso Luiz Pedrotti (POD), vereador Genilson Marcon (PP), Sabrina Reis (MDB), Fernando Machado (PL) e o próprio presidente da Casa, Antônio Luiz Brochetto (PDT).
Todos os discursos apontam que São Marcos precisa de lugares como esse, que celebrem, reconheçam, honrem aqueles que guardam a chama mesmo quando muitos olham para o novo sem saber do valor do que vem de longe.
O prefeito Volmir Rech também discursou, saudando o “orgulho de ver três nomes que dedicaram tanto à cultura”, agradecendo às entidades, à coordenação dos festejos e à comunidade por manter viva essa tradição. Ele disse que homenagear não é apenas “lembrar”, mas renovar compromisso com raízes, com cultura, com identidade.
A força da comunidade
As famílias dos homenageados — esposas, filhos, netos — estiveram presentes, muitas vezes com lágrimas contidas. Todos os presentes puderam ver nos olhos uns dos outros a gratidão, a história compartilhada. Foi também noite de prendas, peões, piquetes, CTGs, todos unidos para aplaudir os homenageados, cantar juntos, abraçar, celebrar o que é nosso.
Durante a solenidade, ainda teve apresentações artísticas locais, como canto, declamação e danças tradicionalistas, com membros do CTG Tio Carlo.
E o que vem adiante
Os Festejos Farroupilha, em São Marcos, tiveram início no dia 6 de setembro e não estacionam no ontem. A sessão solene foi ponte para tudo o que ainda está por vir: hoje, ai final do dia haverá cavalgada, neste sábado e domingo haverá provas de laço, gineteadas, missa crioula, torneios campeiros, eventos culturais no Parque Municipal de Eventos. O clima promete intensificar-se neste fim de semana, com o povo reunido em torno de tradições que aquecem a alma.
O São Marcos Online fez a transmissão ao vivo, para que quem estivesse distante pudesse participar do momento — porque tradição se multiplica quando é compartilhada.
Também haverá transmissões dos principais momentos do fim de semana.