Gilberto Blume: A vertente lá de casa seca; o negacionismo climático cresce
A vertente seca e negacionismo climático caminham juntos em tempos de estiagem e desinformação crescente no Brasil. Leia mais na crônica do jornalista Gilberto Blume A vertente do poço que fornece água lá em casa está secando. Em 25 anos de existência do poço, é a segunda vez que a vertente falha.

A vertente seca e negacionismo climático caminham juntos em tempos de estiagem e desinformação crescente no Brasil. Leia mais na crônica do jornalista Gilberto Blume
A vertente do poço que fornece água lá em casa está secando. Em 25 anos de existência do poço, é a segunda vez que a vertente falha. A primeira vez foi no verão de 2023, durante a forte estiagem que emendava dois anos a fio.
Naquele ano, o poço secou totalmente. Desta vez, a vertente ainda não secou totalmente, ainda corre um filete de água.
Mas se a estiagem não acabar logo, a consequência será dramática de novo.
Enquanto a vertente de casa ameaça secar aqui, ali e em tantos outros pontos do Rio Grande, uma pesquisa mostra que aumentou o número de brasileiros que desacreditam nos riscos das mudanças climáticas.
A pesquisa que detectou aumento do negacionismo é do Datafolha, publicada neste começo de maio.
A pesquisa constatou que a parcela dos brasileiros que negam o risco das mudanças climáticas aumentou de 5% para 9% entre junho de 2024 e abril de 2025.
É um aumento considerável, mas a vertente aqui de casa ignora pesquisas. A vertente reage de acordo com o comportamento do meio ambiente.
Essa negação do brasileiro para os riscos das mudanças climáticas é tão séria quanto a vertente de casa que está negando água.
A resposta da vertente ao comportamento ambiental não falha, é certeira: se há chuva, a água verte; se não há chuva, a vertente seca.
Simples assim.
Outros dados da pesquisa Datafolha indicam que 34% dos brasileiros dizem desconhecer as mudanças climáticas e o aquecimento global. Segundo a pesquisa, o ceticismo climático ocorre tanto à direita quanto à esquerda do espectro político.
A vertente lá de casa seca diante dos olhos cegos de milhões de brasileiros, provavelmente de bilhões de humanos.
Desnecessário desfiar aqui o rosário de consequências que o negacionismo climático produz para o planeta, para a economia, para a humanidade, para.
A vertente lá de casa desdenha quaisquer argumentos teóricos, só reage: neste momento, a vertente seca.