EUA ampliam imposto sobre o Brasil para 50%, com lista de cerca de 700 isenções
Decreto de Trump impõe sobretaxa extra de 40%, totalizando 50%, mas exclui suco, energia, aeronaves e mais

Dois contêineres intermodais suspensos por metrôs contra um céu azul com nuvens: um pintado com a bandeira do Brasil e outro, com a bandeira dos Estados Unidos — simbolizando o fluxo comercial entre os países. Imagem: produzindocerto.com.br/reprodução
Nesta quarta-feira, dia 30 de julho, o Presidente Donald Trump assinou ordem executiva que impõe uma tarifa adicional de 40 % sobre os produtos brasileiros, somando aos 10 % já vigentes, perfazendo 50 % sobre a maioria das importações do Brasil.
Essa decisão foi justificada como medida de emergência nacional prevista na International Emergency Economic Powers Act de 1977, afirmando que políticas adotadas pelo governo brasileiro (incluindo a criminalização do ex‑presidente Bolsonaro) configuram uma ameaça aos EUA.
Exceções: quase 700 produtos isentos da sobretaxa de 40 %
O texto oficial traz lista com 694 itens que não receberão a nova taxa adicional, trazendo alívio a setores estratégicos — idêntica àquela relatada na sua mensagem original.
Principais isenções incluem:
Aeronaves civis (líder de mercado: Embraer) e seus componentes, motores, pneus e simuladores de voo.
Suco e polpa de laranja, castanha-do‑Brasil e certos derivados agrícolas.
Veículos de passageiros (sedans, SUVs, vans leves), caminhões leves e suas peças, além de metais semiacabados e produtos de cobre/alumínio/ferro já sob alíquota de Section 232.
Produtos energéticos e minerais específicos: carvão, gás natural, petróleo e derivados (querosene, óleos), energia elétrica, alumina, ferronióbio, ouro e prata, fertilizantes e madeira e polpa de madeira.
Além dos itens que você mencionou, confirma-se que fertilizantes também estão isentos.
Impactos esperados e reações do Brasil
Embora a tarifa total seja de 50 %, devido às isenções, a carga efetiva média sobre os produtos brasileiros deverá ficar em torno de 30,8 %, segundo analistas do Goldman Sachs.
Setores como aeronáutico (Embraer) e celulose (Suzano) reagiram positivamente: ações da Embraer subiram cerca de 11 %; Suzano teve ganhos na Bolsa de São Paulo.
Produtos como café e carne, que não estão na lista de isenções, devem ser fortemente impactados pelas sobretaxas.
Defesa do Brasil:
O governo Lula qualificou a medida como interferência injustificada no Judiciário brasileiro, reafirmando sua disposição de retaliar dentro da Lei de Reciprocidade Comercial e de levar o caso à OMC.
O ministro das Relações Exteriores informou ter se reunido com o secretário de Estado dos EUA, e afirmou que o Brasil está disposto ao diálogo, mas não abrirá mão de sua soberania judicial.
Ponto de atenção
A sobretaxa será aplicada a partir de 6 de agosto de 2025, 7 dias após a assinatura, com prazo de transbordo para embarques que chegarem aos EUA até 5 de outubro, conforme cláusula de salvaguarda.
Os 10 % anteriores continuam vigentes, e a nova tarifa de 40% não se soma às tarifas setoriais existentes de Section 232, como aço (50 %) e autopeças (25 %).
Resumo Integrado
Aspecto | Detalhe |
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Taxa base atual | 10 % aplicada a produtos brasileiros desde abril de 2025 |
Nova sobretaxa (extra) | +40 %, totalizando 50 % |
Data de vigência | A partir de 6 de agosto de 2025 (assinada em 30 de julho) |
Exceções | ~694 itens, incluindo aeronaves, suco de laranja, veículos, fertilizantes e energia |
Tarifa efetiva média | Estimada em ~30,8 % |
Setores beneficiados | Embraer, Suzano, energia, fertilizantes, alguns metais e madeira |
Setores atingidos | Café, carne, carne bovina, frutas, carnes, suco e outros produtos agrícolas não isentos |
Reação do Brasil | Processo na OMC, tarifas retaliatórias possíveis, diplomacia ativa |
Essa medida representa a restrição comercial mais severa aplicada ao Brasil nos últimos anos, mas as isenções significativas tornam seu impacto setorial mais contido do que o tarifão completo. O embate inclui tensões diplomáticas envolvendo sanções ao ministro Moraes e retórica sobre ameaças à liberdade de expressão dos EUA