Artesanato com Palha de Butiá torna-se patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Sul
Processo é feito por famílias de Torres há mais de 150 anos O Sistema Cultural e Socioambiental do Modo de Fazer Artesanato com a Palha de Butiá na Região de Torres tornou-se um patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Sul. A oficialização ocorreu na tarde desta quinta-feira (17/8), Dia do Patrimônio Histórico, em uma cerimônia realizada no Memorial do Rio Grande do Sul.

Processo é feito por famílias de Torres há mais de 150 anos
O Sistema Cultural e Socioambiental do Modo de Fazer Artesanato com a Palha de Butiá na Região de Torres tornou-se um patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Sul. A oficialização ocorreu na tarde desta quinta-feira (17/8), Dia do Patrimônio Histórico, em uma cerimônia realizada no Memorial do Rio Grande do Sul. Na oportunidade, foi assinado o termo de registro em que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) reconhece o valor histórico-cultural do processo de produção do artesanato com a palha de butiá, uma atividade que persiste por seis gerações de famílias rurais de Torres, Litoral Norte do Estado. Este é o segundo registro dessa natureza no Rio Grande do Sul – o primeiro foi a Erva-Mate Tradicional, envolvendo o seu cultivo e a comercialização.
O Instituto Curicaca deu início ao processo de reconhecimento do modo de fazer artesanato com a palha de butiá em 2003, em parceria com o Iphae. A proposta técnica apresentada pela entidade integra o projeto cultural contemplado com recursos do governo do Estado, por meio do Edital Sedac 11/2013.
Na abertura do evento, foi apresentado um vídeo sobre as técnicas do modo de fazer artesanato com a palha de butiá na região de Torres, produzido pelo Instituto Curicaca, em parceria com a assessoria de comunicação da Sedac.
Beatriz Araujo, secretária da Cultura, destacou o momento inédito na cultura gaúcha e relembrou o trabalho de conservação do patrimônio do Rio Grande do Sul desenvolvido pela Sedac. “Neste momento, que é tão importante, tão potente para a cultura do Rio Grande do Sul, quero cumprimentar também o pró-reitor de Pesquisa, José Antônio Figueiredo, agradecendo a presença da nossa UFRGS, porque tudo que foi dito aqui e visto no vídeo mostra o quão relevante é esse trabalho que une a sociedade e os poderes públicos.”
“É um momento de grande alegria poder entregar o segundo reconhecimento de patrimônio cultural e imaterial a Torres”, disse a titular da Sedac. “A partir do trabalho de tantos anos do Instituto Curicaca, com sua resiliência e perseverança, agora temos o reconhecimento do poder público e das pessoas que fazem parte desse processo”, finalizou Beatriz.
O diretor do Iphae destacou o compromisso do Rio Grande do Sul com o patrimônio histórico e cultural gaúcho. “Com esse ato, o Estado se compromete com a salvaguarda de um conjunto de saberes e técnicas que atravessam gerações, tramando identidades em artesania de alma”, ressaltou Savoldi. “Tal como o trançar com a palha de butiá, o ato de salvaguardar, de garantir a continuidade desse bem cultural, é construído com diálogo, paciência, esforço e diferentes tipos de investimento.”

Em sua fala, o prefeito de Torres, Carlos Souza, relembrou o próprio passado, entrelaçado com o fazer tradicional. “Olhando para as meninas, ouvindo os depoimentos, as histórias, eu lembrei de uma senhora da Vila São João, onde eu nasci. Ela ficou naquela casinha até a morte, fazendo trabalhos com a palha de butiá. Lembrei da minha vó, com os netos todos a volta, com um monte de roupas de palha. São lembranças que, por vezes, a gente esquece, mas isso é tradição, é história, é nossa essência como torrenses”, destacou o prefeito.
Também estiveram presentes na cerimônia desta quinta-feira a representante do Colegiado de Memória e Patrimônio, Angelita Peixoto; a representante do Colegiado de Museus e diretora do Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Eliane Muratore; a representante da Câmara Temática do Patrimônio Cultural Imaterial do Estado, Maria Helena Santana; o presidente da Câmara de Vereadores de Torres, Rogério Jacob; o secretário de Turismo e Cultura de Torres, Dérick Machado da Silva; e a diretora de Cultura de Torres, Taísse Nascimento. Também compareceram outras autoridades políticas, culturais e da área da educação.