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São Marcos no contexto dos 150 Anos da Imigração Italiana: uma história de coragem, fé e construção coletiva

Apesar de nenhum movimento cultural alusivo aos 150 Anos da Imigração Italiana estar sendo realizado do município, São Marcos ostenta com orgulho o legado dos antepassados, reafirmando a história dos primeiros colonos e as raízes culturais que moldaram a cidade

Em 2025, o Rio Grande do Sul comemora os 150 anos da imigração italiana no Brasil, tendo como marco este 20 de maio. Em São Marcos, esse marco histórico tem um significado ainda mais profundo, pois está diretamente ligado às origens da cidade, ao seu povo e à sua identidade cultural, assim como aos demais municípios da Serra Gaúcha. De território inexplorado no alto da serra a uma comunidade vibrante de tradição e empreendedorismo, a trajetória do município é inseparável da saga dos imigrantes que ali chegaram no final do século XIX.

Da trilha aberta à formação de um povo

A história de São Marcos remonta a 1864, quando Antônio Machado de Souza desbravou o interior da serra com o sonho de abrir uma estrada entre Montenegro e São Francisco de Paula. A travessia arriscada o levou às “campinas verdes de São Francisco de Paula de cima da serra”, passando pelo rincão de São Marcos — território então pertencente a Oliveira Pedroso. Assim se deu a penetração inicial na área que viria a ser conhecida como “São Marcos dei Polacchi”, nome que homenageava tanto os italianos quanto os poloneses que formariam a base do povoado.

A chegada dos italianos e a formação da colônia

Os primeiros imigrantes italianos chegaram em 1883, vindos majoritariamente do Vêneto, Trento e Lombardia. Dois anos depois, em 1885, a formação da Comissão de Terras oficializou a distribuição de lotes e o apoio aos colonos. A instalação ocorreu inicialmente nas margens do Rio São Marcos e do Rio das Antas, especialmente na região da Linha Riachuelo, onde ainda hoje se preserva um dos dialetos mais antigos do mundo.

Esses pioneiros ergueram o primeiro barracão comunitário na Linha Humaitá, deixando vestígios que permanecem como testemunhos da bravura e organização das primeiras famílias.

Diversidade de origens na construção do município

Embora a colonização italiana tenha predominado, São Marcos também foi moldada pela presença de poloneses (a partir de 1891), portugueses, alemães, negros, indígenas e açorianos. Os negros, por exemplo, contribuíram significativamente para a formação do povo são-marquense, com destaque para comunidades na Linha Juá e no Rincão dos Quilombos, próximo ao Rio da Mulada.

Essa miscigenação é parte vital da riqueza cultural de São Marcos — refletida nas famílias, nos costumes, na música, na religião e até na culinária.

Do distrito à emancipação: o surgimento de uma cidade

Pertencente inicialmente a São Francisco de Paula, o território de São Marcos foi anexado a Caxias do Sul em 1921. Nesse período, a construção de uma estrada ligando Pedras Brancas à sede caxiense impulsionou o desenvolvimento econômico local, especialmente com o início do ciclo da madeira.

Com o surgimento dos primeiros caminhões na década de 1930 e o avanço do transporte, a região ganhou força como polo de comércio e produção. O distrito de São Marcos foi oficialmente criado em 1921, suprimido temporariamente em 1924 e reintegrado posteriormente. Após décadas como parte de Caxias do Sul, finalmente conquistou sua emancipação política em 9 de outubro de 1963, pela Lei Estadual nº 4.576.

Tradições vivas e orgulho da herança italiana

A alma italiana segue pulsando forte em São Marcos. As festas tradicionais como o Filó, a Fenasuco (Feira Nacional do Suco e do Tortéi) e os eventos culturais promovidos por grupos locais mantêm vivas a memória e o orgulho dos antepassados.

Pratos típicos como tortéi, polenta brustolada, galeto al primo canto, sopa de agnolini, salame colonial, queijos artesanais e vinhos caseiros são mais do que delícias gastronômicas — são vínculos afetivos entre gerações. A religiosidade, marcada pela devoção a São Marcos Evangelista e pelas missas em dialeto, também é reflexo direto da herança italiana.

Um legado para o futuro

“San Marco! Bellezza meravigliosa di un suolo verde e felice invitante alla fantasticheria e alla meditazione…” — escreveu Mons. Henrique Compagnoni, em trecho que traduz poeticamente o encantamento por esta terra.

Ao celebrar 150 anos da imigração italiana, São Marcos não apenas relembra suas raízes, mas reafirma um compromisso com sua história. O legado dos imigrantes está vivo nas mãos calejadas dos agricultores, nas vozes que preservam o dialeto, nas construções de pedra e no coração de cada são-marquense que honra suas origens com orgulho.

Fonte: Livro História de São Marcos

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