Durante 18 anos, tradicional espetinho complementou a renda da família Souza de Oliveira. Proprietário buscou o SMO para agradecer a clientela, lamentando a decisão

Na última sexta-feira (21), o senhor José Ademir Souza de Oliveira procurou a redação do Portal São Marcos Online para tornar público seu agradecimento aos clientes e amigos conquistados durante os 18 anos em que vendeu espetinhos de churrasco na Praça Dante Marcucci, no centro de São Marcos.

Certamente, poucos na cidade nunca viram José Ademir com seu carrinho chegando, saindo ou no caminho entre sua casa e a praça. Sempre acompanhado da esposa e filhos, por quase duas décadas esteve presente aos finais de semana e feriados no mesmo cantinho, ali no parquinho.

“A gente praticamente fez nossa vida ali e hoje eu devo agradecer a todos que algum dia compraram um espetinho na nossa barraca, vocês ajudaram a sustentar minha família, criar meus filhos que hoje, graças a Deus estão grandes e com suas vidas bem encaminhadas, então eu quero agradecer do fundo do coração”, disse à reportagem em tom de emoção, lamentando a decisão do Poder Público.

José tem um casal de filhos e a esposa sofre de problemas de saúde graves, o que, conforme ele preocupa mais agora que a renda já não será a mesma. Ele é metalúrgico e sempre trabalhou em empresas de São Marcos. A esposa o ajudava na venda no Churrasquinho da Praça, que deixa saudades e boas lembranças não só para sua família, mas para os que frequentam a praça aos fins de semana.

A família foi notificada oficialmente no último dia 10 de janeiro, menos de 30 dias após a aprovação da lei que proíbe ambulantes de qualquer natureza, exceto a feira do agricultor, de comercializar produtos em praças da cidade.

A nova regra trata-se de emenda ao Código de Posturas do município, aprovada em dezembro de 2021 e que vem ao encontro de reivindicação antiga de entidades representativas da indústria e comércio de São Marcos. Outro argumento elenca ainda questão estética da praça.

O caso se aplica para vendedores ambulantes, entre eles o churrasquinho e um camelô, esses da própria cidade e aos que vem de fora promover suas vendas em São Marcos. Já os agricultores que promovem feiras semanais de produtos de hortifrúti podem seguir com as atividades até segunda ordem. Conforme informações do setor jurídico da prefeitura, ao SMO, há uma lei de 1978 que regulamenta a feira do agricultor. Tal legislação não sofreu alterações nem apontamentos em décadas, já a nova lei baniu demais comerciantes.

Para José Ademir não é uma decisão justa. “São dois pesos e duas medidas, como que uma lei antiga beneficia uns e uma nova lei prejudica outros, mas fazer o que né, não temos direito algum, só deveres a cumprir. Sempre pagamos nossas taxas pra poder vender e demais impostos, agora terei que me virar e recomeçar de alguma maneira”, reclamou.

Conforme a prefeitura, a construção de um novo local para a feira do agricultor, que usa a calçada para vender está em fase de licitação. Até então eles seguem na praça. Já para os demais ambulantes não houve intenção em ajudar, apenas o banimento.

Quanto ao futuro do tradicional e delicioso churrasquinho, ainda é incerto, só se sabe que não será mais na praça mas, José Ademir pensa em montar um trailer em frente a sua casa e seguir com o negócio que tanto lhe ajudou ao logo de quase duas décadas.

“Vou fazer desse limão uma limonada e conto com toda nossa clientela de antes, se tudo der certo e vai dar, logo estrei anunciando novo endereço e quem sabe, melhor ainda se Deus permitir. Mas agora quero mesmo agradecer”, finalizou.