Vereadora Neusa Pereira reforça legado de Agosto Lilás com ações permanentes no enfrentamento à violência contra a mulher
Projeto "Mulheres Multiplicadoras da Democracia", da Fiocruz, busca multiplicar a democracia em São Marcos. Cidade contabiliza 142 casos de violência contra a mulher, entre 2024 e 2025.

Neusa Pereira, vereadora eleita pelo PDT, fazendo o juramento de posse durante a sessão solene de instalação da XV Legislatura em São Marcos, em 1º de janeiro de 2025. Foto: divulgação Câmara.
Em discurso recente na câmara municipal, a vereadora Neusa Pereira (PDT) chamou atenção para a necessidade de manter o compromisso com o enfrentamento à violência contra a mulher, mesmo após o fim do Agosto Lilás — mês nacional de combate à violência doméstica.
Na sessão realizada na segunda-feira (1º de setembro de 2025), ela apresentou o projeto “Mulheres Multiplicadoras da Democracia”, uma iniciativa da Fiocruz inserida no programa “Trajetórias e Travessias”. Segundo a parlamentar, o projeto busca desenvolver “um processo informativo orientado pela política da educação popular (...) para o fortalecimento da participação e controle social” e propõe a formação de lideranças comunitárias capazes de proteger populações vulneráveis e fomentar redes de apoio. Neusa destacou a importância da continuidade dessa atuação, sobretudo após a blitz inédito no centro da cidade durante o Agosto Lilás, e enfatizou que “não vamos esquecer o que acontece com as mulheres” quando o mês temático termina.
Após a sessão, a vereadora compartilhou mais detalhes com o São Marcos Online. Ela relatou que o projeto já realizou sua primeira etapa em São Marcos entre 29 de abril e 21 de maio, envolvendo cerca de 25 mulheres dos bairros Progresso, Centro e Francisco Doncato, por meio de diálogos e oficinas com possíveis parceiros. Entre junho e julho, as participantes estiveram em conferências municipais e regionais de direitos das mulheres. Já em 15, 16 e 17 de agosto, quatro representantes participaram de formação para se tornarem multiplicadoras de informações, mobilização e conscientização.
Neusa também convidou as mulheres a participarem de uma oficina comunitária no dia 4 de setembro, às 18h45, no salão de festas de sua residência. A atividade, segundo ela, busca construir um “termômetro da violência”: uma ferramenta coletiva para identificar formas e níveis de violência, bem como articular a rede de proteção local. “É um espaço de escuta onde cada palavra, cada experiência, tem valor”, ressaltou.
Em sua fala pessoal à reportagem, Neusa expressou: “Eu sou apoiadora parceira do projeto, estou preocupada com a situação de violência contra as mulheres e estarei junto no enfrentamento da violência como meta. E estou me capacitando para ser mulher multiplicadora da democracia.” Ela ressaltou a dor e as lágrimas percebidas durante os encontros, reforçando seu compromisso com cada história. Na semana anterior, esteve em Caxias junto com Rosane Formolo, coordenadora do projeto nas localidades de Caxias e São Marcos.
Dados alarmantes que reforçam a urgência
Com base em informações repassadas pela vereadora ao São Marcos Online, o Observatório Estadual da Segurança Pública do RS, via Departamento de Planejamento e Integração, aponta os seguintes dados:
2024 (anual):
- Feminicídio tentado: 0
- Feminicídio consumado: 1
- Ameaça: 67
- Estupro: 3
- Lesão corporal: 29
Total geral: 100 casos
2025 (janeiro a julho):
- Feminicídio tentado: 0
- Feminicídio consumado: 0
- Ameaça: 26
- Estupro: 1
- Lesão corporal: 15
Total geral: 42 casos
Segundo esses números, em São Marcos ocorre um caso de violência doméstica a cada três dias, o que reforça a urgência de ações permanentes de prevenção e apoio.
O que a vereadora defende:
- Denunciar e apoiar as vítimas, com a Lei Maria da Penha como principal instrumento de proteção.
- Transformação cultural, para que a tolerância à violência contra a mulher seja definitivamente superada.
- Divulgação de canais de denúncia, como o Disque 180, Delegacia de São Marcos e o atendimento online.
“Juntos, podemos construir um futuro mais seguro e respeitoso para todas as mulheres. A hora de agir é agora”, concluiu a vereadora, lembrando que Agosto Lilás pode acabar, mas a responsabilidade permanece.