TOD – Transtorno Opositor Desafiador e a Escola
As causas do TOD ainda não são conhecidas, no entanto existem alguns fatores de riscos que podem colaborar como: tabagismo materno na gravidez, excesso de toxinas e metais pesados como o chumbo e ambiente familiar confuso e ambíguo, no que se refere a educação dada pelos pais.

As causas do TOD ainda não são conhecidas, no entanto existem alguns fatores de riscos que podem colaborar como: tabagismo materno na gravidez, excesso de toxinas e metais pesados como o chumbo e ambiente familiar confuso e ambíguo, no que se refere a educação dada pelos pais. Conheça mais no artigo das professoras Daiane Casarotto e Gisele Carraro
É normal que crianças e adolescentes em algum momento de suas vidas desobedeçam, testem limites, desafiem. Estão em crescimento, conhecendo e se posicionando no mundo, encontram dificuldades e reagem das mais diferentes maneiras e, geralmente, é desafiando os adultos. Entretanto, existe um conjunto de reações e atitudes que quando se estendem como prática comum e comportamental por certo tempo, criando muitas dificuldades no relacionamento com as pessoas, sejam da família, escola ou outro contato social, devem exigir uma atenção maior por parte da família. Essas reações e atitudes caracterizadas por uma série de comportamentos inadequados é um transtorno que afeta principalmente as crianças.
De acordo com Siqueira e Gurgel-Giannetti (2011), o transtorno de aprendizagem apresenta uma relação direta com dificuldades na aquisição e desenvolvimento de funções cerebrais as quais rodeiam o ato de aprender. Segundo os autores, este transtorno acaba prejudicando o próprio autor por toda a rejeição que se cria em torno dele.
Conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais(DSM-V), o Transtorno Opositivo Desafiador – TOD, é parte dos Transtornos de Comportamento Disruptivo, cujas características são comportamentos desafiantes, negativistas e desobedientes, sobretudo perante figuras de autoridade.
Recomenda-se pensar na hipótese de TOD quando os sintomas causam prejuízos relevantes na vida do sujeito, pois os comportamentos presentes no transtorno limitam a vida social da pessoa, devido às manifestações frequentes de raiva, teimosia, hostilidades e rebeldia com duração de pelo menos 6 meses. O transtorno pode também apresentar outras características tais como: crueldade com animais ou crianças menores, destruição dos pertences de outras crianças, crises de birra e de desobediência, condutas incendiárias e roubos.
As crianças com Transtorno Opositivo Desafiador correm o risco de desenvolverem outros problemas de saúde mental, como transtornos de humor, ansiedade, transtorno de Conduta(TC), transtorno de déficit de atenção e hiperatividade(TDAH), depressão, delinquência, abuso de álcool e uso de drogas na adolescência, transtorno de personalidade antissocial na idade adulta, entre outros.
As causas do TOD ainda não são conhecidas, no entanto existem alguns fatores de riscos que podem colaborar como: tabagismo materno na gravidez, excesso de toxinas e metais pesados como o chumbo e ambiente familiar confuso e ambíguo, no que se refere a educação dada pelos pais.
O comportamento desafiador aparece ao longo do desenvolvimento das crianças e pode tomar diferentes caminhos que vão desde a passividade total, onde ela permanece inativa quando precisa obedecer, ao extremo de xingar, ter acessos de cólera, hostilidade, irritação, agressividade e discussão com figuras de autoridade, pais ou cuidadores. Quando a postura da criança, na maneira habitual de se relacionar, apresenta essas características, começam os problemas e uma deterioração significativa na vida social dela.
A falta de conhecimento e de compreensão deste padrão de comportamento pode fazer com que pais e professores confundam o TOD com hiperatividade, indisciplina, falta de educação ou de limites. Para que o comportamento difícil e problemático seja caracterizado como Transtorno Opositor Desafiador deve haver violações importantes e que sejam de natureza mais grave que as travessuras de criança ou a rebeldia que caracteriza certa parcela dos adolescentes. É fundamental que se faça um diagnóstico completo já que em muitas situações o TOD é confundido com TDAH porque a criança apresenta excesso de atividade. Quando o comportamento da criança passa do que se considera normal em termos de indisciplina e dificuldade de relacionar-se, não só com seus colegas, mas também com os adultos com quem convive, quando ela não reconhece nem respeita regras, é hora de pedir ajuda para que a criança inicie o tratamento com a maior brevidade possível.
É preciso lembrar também que a criança ou o adolescente com TOD nunca assume o que faz. Segundo Camargo (2008), em indivíduos com TDO, a percepção do próprio comportamento é contraditória com a realidade e, normalmente, afirmam que os comportamentos desafiadores opositores são resultado de exigências e eventos absurdos impostos a ele. Havendo um espectador que se quer agredir haverá episódios de agressões, o que talvez não existisse se a criança estivesse sozinha, contudo, ficar isolado, para uma criança com Transtorno Opositor Desafiador, não é a melhor terapia.
Os sintomas do Transtorno Opositor Desafiador são similares em ambos os gêneros, todavia, os meninos podem apresentar sintomas e comportamentos mais persistentes. Geralmente, este transtorno se manifesta por volta dos oito anos de idade, sendo a idade mais crítica na adolescência, que é, por excelência, a fase das contradições, da irritabilidade, do desafio dos limites impostos pelo mundo adulto.
O TOD atinge em média 6% das crianças e dos adolescentes. Esse índice precisa ser considerado porque diz respeito a uma realidade que, embora atinja um pequeno número de crianças, faz com que o trabalho a ser realizado na escola seja seriamente prejudicado. De acordo com pesquisadores, o acompanhamento da criança por terapeutas ou psicólogos é fundamental para que ela possa desenvolver autocontrole e aprender a lidar com aquilo que lhe parece desafiador ou hostil.
As manifestações do transtorno começam a se desenvolver em casa, mas quando a criança chega à escola é evidente que essa manifestação a acompanhará. Muitos pais creem que na escola, com a mudança de ambiente e uma realidade nova, a criança vai melhorar. Mas normalmente não é o que acontece. Pelo contrário, os sintomas do transtorno tornam-se mais presentes nas interações com os professores. Isso implica maior acompanhamento dos pais em relação aos filhos. É realmente necessário fazer uma parceria entre pais e professores.
Para um aluno “normal” aprender é um processo complexo. Para um aluno com TOD então, será bem mais difícil. Uma das características do TOD é a inquietação, o andar de um lado para o outro sem conseguir ficar sentado e sem se concentrar, ou seja, difícil fixar-se num assunto para aprender. É evidente que o desempenho escolar ficará seriamente comprometido. O aluno com TOD não conseguem participar de atividades de grupo, ele dificilmente aceitará ajuda de professores ou colegas, ele vai querer resolver os problemas sempre sozinho e da sua maneira, além de gerar situações que causam desconforto na aula, atrapalhando o desempenho da turma e levando, às vezes, o docente a tomar medidas mais enérgicas. Sugerimos algumas possibilidades que, para Camargo (2008) podem colaborar no trabalho do professor em sala de aula:
- Manter contato com especialistas que estejam em contato com o aluno;
- Deixar que o aluno se sente próximo ao professor e a colegas afetivos e positivos;
- Evitar que janelas, portas ou coisas possam distraí-lo;
- Explicar as regras claramente;
- Estabelecer contato com a criança pelo olhar;
- Dividir as tarefas complexas em várias partes, com orientações simples;
- Esperar pela resposta do aluno, cada um tem seu tempo;
- Alternar métodos de ensino, evitando aulas repetitivas e monótonas;
O professor faz parte de uma equipe multidisciplinar que trabalha a partir de vários aspectos e abordagens tentando reintegrar o aluno ao convívio em sociedade de forma tranquila. Ele, professor, é antes de tudo um profissional. Formou-se para isso. Em sua realidade, seu dia a dia, lida com o diferente, com as dificuldades e diferenças que a vida apresenta. Portanto, vai fazer o melhor trabalho que estiver ao seu alcance.
Percebemos que cada vez mais o professor necessita estar munido de conhecimento e técnicas eficazes. No entanto, devemos lembrar novamente, que o tratamento para minimizar os sinais deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar: psicólogo, psicopedagogo e outros terapeutas, além da relação familiar que deve ser dedicada, com o intuito de dar à criança as oportunidades necessárias para uma vida saudável.
Pais e professores, ao perceberem comportamentos extremos e persistentes nos seus filhos ou alunos precisam ficar atentos, acompanhar, comunicar a quem possa efetivar e proporcionar uma competente ajuda. A escola sozinha não conseguirá avançar se não houver outros profissionais que façam as intervenções necessárias. O não-acompanhamento certamente dificulta a situação e agrava o estado da criança, fazendo com que ela e quem está no seu círculo de convivência sofram mais. Vale lembrar que um adulto que cresceu com TOD, dificilmente se sentirá compreendido e acolhido.
A escola pode ser o único lugar onde o portador de TOD ainda tem esperança de ser ajudado e acolhido, porque afinal, é uma criança ou adolescente – um ser humano, e necessita de ajuda para conviver com seus pares e ter uma vida normal. Certamente o desafio não é simples, mas a educação não pode prescindir do seu papel transformador.
Referências Bibliográficas
CAMARGO, C. H. P., CONSENZA, R. M., FUENTES, D., & MALLOY-DINIZ, L.F. (2008). Neuropsicologia: teoria e prática. Porto Alegre: ARTMED, 2008
SIQUEIRA, Cláudia Machado; GURGEL-GIANNETTI, Juliana. Mau desempenho escolar: uma visão atual. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 57, n. 1, p.78-87, 2011.
Prof.Daiane Casarotto
Prof.Gisele Cátia Carraro
(Rede municipal de ensino de São Marcos)