São Marcos intensifica esforço para viabilizar loteamentos habitacionais e industriais
Visitas técnicas e debates no Comude apontam recomendações da Zambeccari e impasse no Santini, entre a procura crescente por moradias e a necessidade de infraestrutura para induzir novos investimentos.

Prefeito Volmir Rech, usa camisa clara, liderou uma reunião ao ar livre em um dos terrenos em avaliação. Ele está gesticulando enquanto fala com várias pessoas reunidas ao redor de uma planta ou mapa do local. Ao fundo, aparecem veículos e vegetação, indicando que a discussão ocorre diretamente no terreno em questão. Foto: divulgação Prefeitura.
Numa movimentação estratégica que combina planejamento urbano, engenharia e participação comunitária, a Prefeitura de São Marcos reacendeu os debates fundamentais para o crescimento da cidade: o futuro de duas áreas adquiridas para funções residenciais e industriais, agora debatidas com urgência após uma visita técnica realizada na sexta-feira, dia 22 de agosto.
A discussão ganhou força após a reunião do Comude — Conselho Municipal de Desenvolvimento no dia 30 de julho, que contou com as presenças do prefeito Volmir Rech e da secretária de Planejamento Nilva Rech Stédile. Na ocasião, ficou evidente que o município detém dois terrenos estratégicos, mas ainda subutilizados. Um deles, no Bairro Santini, foi adquirido em abril de 2013 com o propósito inicial de abrigar um bairro popular. Embora já tenha recebido aterro e esteja em processo de nivelamento, nunca saiu do esboço teórico — nenhum projeto para lotear, urbanizar ou vender os lotes chegou a ser elaborado. O outro terreno, de 74 mil m², situado entre a estrada da Zambeccari e Linha Marechal Deodoro, adquirido em dezembro de 2022, já possui projeto da empresa Garden, mas até agora apenas uma rua central foi aberta, dividindo a área ao meio. A antiga administração deixou verba para implementação da energia elétrica e projeto que leva água foi concluído pela Corsan ano passado. Também há pedras de paralelepípedo que foram realocadas da área central para uso neste loteamento.
A visita de campo na sexta-feira teve caráter decisivo: membros do Comude, o prefeito, o presidente da Câmara, vereadores, técnicos e convidados especializados percorreram as duas áreas. No Santini, constatou-se que embora exista rede de água e energia, a inexistência de projeto e definição de uso—se residencial ou industrial—impede a execução de obras. Para avançar, seria necessário o alargamento da Rua Alexandre J. Rizzo, reforços na rede elétrica, instalação de esgoto e pavimentação, além de um projeto completo de loteamento.
Já na área da Zambeccari, os desafios chamaram atenção: terrenos com paredões de até 15 metros de altura, declives que ultrapassam 10 metros e uma APP (Área de Preservação Permanente) no meio complicam a engenharia e elevam os custos. Apesar disso, a estrada central ampla se mostrou um ponto positivo, servindo como base para planejar os lotes. Até o momento, o município já investiu cerca de R$ 168 mil na elaboração do projeto pela empresa Garden e entre R$ 500 mil a R$ 600 mil na abertura dessa via. Entretanto, estimativas iniciais apontam que a implantação completa de infraestrutura (água, luz, pavimentação) pode chegar a R$ 2,3 milhões, sem contar custos extra como detonações ou retirada de material rochoso.
O secretário de Administração, Sérgio Antônio Miotto, destaca que o avanço dependerá da captação de recursos — sobretudo via emendas parlamentares ou financiamentos federais — já que os municípios ainda são amplamente dependentes dessas fontes para viabilizar grandes obras públicas. O Comude e a Câmara de Vereadores foram convocados para fortalecer o debate e promover decisões mais assertivas e democráticas, envolvendo diretamente a comunidade na priorização entre moradia popular e parque industrial.
Em paralelo, a Prefeitura planeja lançar um edital público com critérios transparentes, favorecendo empresas que tragam investimentos, emprego e tributos ao município. O Comude, formado por 12 pessoas — quatro ligadas à Prefeitura e oito representantes da sociedade civil organizada — atuará como consultor ativo para orientar a definição do uso do solo e a seleção dos empresários que venham a ocupar as áreas.
Em termos de capacidade: o terreno no Santini, com seus 28.500 m², poderia ser dividido em 8 a 10 lotes de 1.500 a 2.000 m²; na Zambeccari, a projeção sobe para 25 lotes semelhantes. Embora ainda não existam números concretos sobre geração de empregos e retorno fiscal, a Prefeitura já possui um cadastro com cerca de 40 empresas interessadas. Além disso, uma empresa com raízes em São Marcos, atualmente no Paraná, demonstrou interesse em retornar com seu investimento.
Por fim, a engenharia municipal ficou encarregada de realizar estudos mais detalhados durante a próxima semana, a fim de apresentar ao Comude propostas mais apuradas, especialmente para a área da Zambeccari. A expectativa é que, com essa base técnica, o município avance com segurança rumo à concretização de loteamentos que atendam tanto à demanda habitacional quanto ao impulso econômico esperado com o polo industrial.