Obra milionária no Arroio Gravatá não entra no financiamento de R$ 60 milhões da administração de São Marcos
Moradores cobram soluções enquanto a Prefeitura reforça que alternativas como desassoreamento não são viáveis; financiamento de R$ 60 milhões não contempla intervenção no ponto mais crítico do arroio.
Montagem com três fotos mostrando pontos diferentes de São Marcos alagados pelo transbordamento do Arroio Gravatá durante chuva intensa, com ruas cobertas pela água, prédios e veículos parcialmente submersos. Fotos: São Marcos Online.
O Arroio Gravatá voltou ao centro das discussões públicas em São Marcos ao longo de 2025. A gestão do prefeito Volmir Rech promoveu reuniões com moradores, apresentou levantamentos técnicos e revelou uma proposta considerada ousada, e cara, para tentar amenizar os recorrentes problemas de alagamentos. A solução apontada pela equipe técnica da Prefeitura é uma obra de macrodrenagem, orçada inicialmente em cerca de R$ 15 milhões, valor considerado elevado até pelo próprio governo.
Apesar disso, o trecho mais sensível e historicamente problemático do arroio, a área central da cidade, não está contemplado na proposta de investimentos que compõe o pacote de R$ 60 milhões que o Executivo quer financiar por meio de empréstimo junto à Caixa Econômica Federal. O projeto foi votado e aprovado pela Câmara de Vereadores na noite desta segunda-feira (24).
Reuniões e diagnóstico da Prefeitura
Nas reuniões promovidas com moradores durante o ano, especialmente os mais afetados pelos episódios de alagamento, a administração municipal apresentou um levantamento que descarta a possibilidade de desassoreamento. Segundo os técnicos, o arroio “não está assoreado” e não existe acúmulo suficiente de sedimentos que justificaria essa intervenção.
Com isso, outras alternativas de menor custo também foram descartadas. A Prefeitura afirmou que, após analisar cenários, a macrodrenagem seria a única intervenção considerada tecnicamente viável, embora o próprio governo admita que a obra exigiria um investimento muito alto e levaria anos para ser executada.
Moradores, porém, contestam a avaliação. Muitos relatam que as enchentes atingem pontos específicos do centro e que a Prefeitura não teria apresentado soluções diretas para esses trechos mais críticos. Nas reuniões, a comunidade demonstrou preocupação com a falta de previsão para obras que resolvam o problema de forma mais imediata.
Estudo indica obra de grande porte, mas pacote de R$ 60 milhões não inclui intervenção no centro
Mesmo com o diagnóstico e a indicação de uma intervenção milionária, a macrodrenagem proposta não aparece especificada no pacote de investimentos de R$ 60 milhões apresentado no programa Desenvolve São Marcos.
A proposta do Executivo reúne uma série de obras de infraestrutura, mobilidade, urbanização e modernização da cidade, mas não contempla a intervenção no Arroio Gravatá no perímetro central, justamente o trecho mais demandado pela população e identificado como o que mais sofre com as enxurradas.
Obra de macrodrenagem terá de esperar
Com o financiamento de R$ 60 milhões já planejado e sem qualquer menção à obra de R$ 15 milhões para o Arroio Gravatá, a perspectiva é de que a intervenção seja empurrada para os próximos anos, sem prazo definido.
A Prefeitura afirma que continuarão sendo feitos monitoramentos e estudos, mas admite que uma obra com essa complexidade dependerá de novos recursos. Mesmo assim, os moradores que participaram das reuniões saíram apreensivos, alegando que os problemas seguem sem solução prática.
Vereadores aprovaram financiamento
O projeto que autoriza o empréstimo de R$ 60 milhões foi votado e aprovado pela Câmara de Vereadores na última noite. Segundo o Executivo, o pacote é essencial para garantir obras estruturantes e preparar São Marcos para a próxima década.
Contudo, para parte dos moradores que convivem com os efeitos do arroio, o pacote deixa uma lacuna importante: a principal intervenção necessária para reduzir o risco de inundações não está contemplada.
Com o financiamento aprovado, a obra de macrodrenagem do Arroio Gravatá seguirá como possibilidade futura, custosa, lenta e ainda sem previsão real de sair do papel.












