/apidata/imgcache/db746b92d4b56a00aaf7d89589a197c7.png?banner=left&when=1764945749&who=338
/apidata/imgcache/6489286f0535723f1bc933597a4c23f2.png?banner=right&when=1764945749&who=338

Meu filho ficou de recuperação, e agora?

Educadores explicam como apoiar crianças e adolescentes e transformar o momento em oportunidade de aprendizagem

Atualizado em 02/12/2025 às 19:12, por Liliane Cioato.

Crédito: Freepik.

Fim de ano é tempo de festas, férias e descanso, mas também daquele momento em que muitos pais abrem o boletim escolar com o coração acelerado. E quando as notas do estudante não saem como planejado, a “recuperação” costuma vir acompanhada de ansiedade e tensão para muitas famílias, com a alegria dando lugar à preocupação.

Apesar do susto inicial, especialistas em educação afirmam que o período não precisa virar um drama familiar, e pode até se transformar em uma boa oportunidade de aprendizado e organização para o próximo ano, desde que seja conduzido com acolhimento, diálogo e foco no aprendizado, e não apenas nas notas.

A maior pressão, muitas vezes, começa em casa

/apidata/imgcache/6ab4f0e8b4287808ccf7582ab7f7b6fd.png?banner=postmiddle&when=1764945749&who=338

Embora muitos pais imaginem que a cobrança vem principalmente da escola, são as expectativas familiares que frequentemente pesam mais sobre crianças e adolescentes. Comentários como “você não pode decepcionar”, comparações com irmãos que “sempre tiram boas notas” ou a crença de que “aluno esforçado não fica de recuperação” criam um ambiente de tensão que pode afetar diretamente o desempenho.

/apidata/imgcache/0e22274fbf228b760dd32465b13fdd25.png?banner=postmiddle&when=1764945749&who=338

“Para muitos jovens, essa pressão se manifesta em ansiedade, dificuldade de concentração, irritabilidade e até sintomas físicos, como dor de cabeça, dor de barriga, insônia e queda de imunidade, sinais do corpo respondendo ao estresse”, diz afirma Ana Claudia Favano, especialista em Psicologia Positiva e gestora da Escola Internacional de Alphaville, de Barueri (SP). Ela afirma que o mais importante nesses casos é reduzir o peso emocional dentro de casa. “Quando a família oferece segurança, escuta e compreensão, o jovem sente menos medo de errar e mais disposição para participar ativamente do processo de recuperação”, completa.

Nota não é tudo

Embora o sistema educacional tradicional se apoie sobretudo em provas, médias e boletins, esses indicadores, apesar de importantes, não esgotam a compreensão sobre o percurso de aprendizagem de um estudante. A nota tem um papel relevante: ela posiciona, orienta próximos passos e evidencia conquistas, mas representa apenas uma parte do processo.

/apidata/imgcache/41c488d9a57a79f3e217093acf806621.png?banner=postmiddle&when=1764945749&who=338

Na opinião de Fatima Lopes, diretora geral da Escola Bilíngue Aubrick, de São Paulo (SP), um desempenho abaixo do esperado pode ter diferentes origens: desde uma dificuldade pontual em determinado conteúdo até questões de organização, períodos de maior ansiedade, ou mudanças na rotina familiar.

“Não existe aprendizagem profunda sem envolvimento emocional e experiências significativas. Por isso, avaliamos para orientar, fortalecer e apoiar, não para rotular. O boletim é um instrumento valioso, mas ganha sentido real quando analisado em conjunto com o processo vivido pelo aluno: seus avanços, suas estratégias, suas dificuldades e suas potências. Esses elementos são essenciais para entendermos o estudante como um todo e garantirmos percursos de aprendizagem consistentes”, diz

“A avaliação é um retrato, não um rótulo”, acrescenta Fátima Lopes. “Quando a família amplia o olhar e considera tanto a nota quanto o processo que levou até ela, consegue apoiar melhor o estudante, promovendo segurança, autonomia e crescimento.”

/apidata/imgcache/1fd4dd12a135f2a49158fe1f91cb23cf.png?banner=postmiddle&when=1764945749&who=338

O que não fazer com seu filho de recuperação

Diante da recuperação, é comum que alguns pais tenham reações impulsivas que acabam prejudicando ainda mais o estudante. Piadas, apelidos, ironias e comparações com colegas ou irmãos reforçam a vergonha e podem criar uma barreira emocional entre a criança e os estudos. Ameaças como tirar o celular, mudar o aluno de escola no ano seguinte, cancelar as férias ou cortar atividades também não ajudam, ao contrário, geram medo e desmotivação. Além disso, frases generalistas como “você nunca aprende” ou “eu sabia que isso ia acontecer” criam rótulos que impactam a autoestima e dificultam a superação das dificuldades.

/apidata/imgcache/521ec81c01718c180929d2b052e93fce.png?banner=postmiddle&when=1764945749&who=338

“Desde o início do ano letivo, a família deve criar um plano de estudos e estar atenta à evolução do aprendizado do filho, auxiliando-o a estabelecer metas realistas e alcançáveis. Além disso, manter uma parceria com a escola e celebrar o sucesso e avanço de cada processo é fundamental para que a internalização do aprendizado seja significativa”, afirma Audrey Taguti, diretora pedagógica e geral do Brazilian International School – BIS, de São Paulo (SP). “Cada indivíduo é uma personalidade única e não deve ser comparado com outra pessoa. Projetar no aluno características que ele não possui também não é saudável. Valorizar as habilidades de cada um pode ser a chave do sucesso para que o aluno acredite que é capaz”, acrescenta.

Ensinamentos para evitar uma recuperação no ano que vem

A recuperação não precisa e não deve se repetir. Ela serve justamente como termômetro para ajustar comportamentos e estratégias para o ciclo seguinte. Isso inclui identificar lacunas de conteúdo, organizar uma rotina de estudo ao longo do ano, acompanhar mais de perto as tarefas e avaliações, e manter diálogo constante com professores para entender dificuldades assim que surgem.

“A principal mensagem é que o processo importa mais que o resultado final: quando o aluno aprende a se organizar, a pedir ajuda e a lidar com as próprias dificuldades, as notas passam a ser consequência”, diz Lívia Martins, diretora pedagógica dos colégios Progresso Bilíngue, com unidades no interior e litoral de SP. Para isso, os pais devem incentivar os filhos a criar hábitos como revisar conteúdos semanalmente, registrar dúvidas em um caderno, dividir matérias em blocos menores e aprender técnicas de estudo (resumos, mapas mentais, exercícios), acompanhando o processo junto do estudante.

As especialistas

Ana Claudia Favano é fundadora e atual gestora da Escola Internacional de Alphaville. É psicóloga; pedagoga; educadora parental pela Positive Discipline Association/PDA, dos Estados Unidos; e certificada em Strength Coach pela Gallup. Especialista em Psicologia da Moralidade, Psicologia Positiva, Ciência do Bem-Estar e Autorrealização, Educação Emocional Positiva, Convivência Ética e Dependência Digital. Dedicada à leitura e interessada por questões morais, éticas, políticas, e mobiliza grande parte de sua energia para contribuir com a formação de gerações comprometidas e responsáveis.

Audrey Taguti acumula 41 anos de experiência e trabalho em Educação. É formada em Magistério e Pedagogia, possui pós-graduações em Psicopedagogia e Bilinguismo e é especialista em Alfabetização. É diretora pedagógica do Brazilian International School – BIS, de São Paulo/SP desde a fundação do colégio, em 2000.

Fatima Lopes é pós-graduada em Gestão Escolar, especialista em Bilinguismo e apaixonada pela área da Educação. De sua primeira formação, em Enfermagem, ela mantém o dom de cuidar das pessoas: gosta de se relacionar com alunos, pais e colegas, promovendo um ambiente de aprendizado colaborativo e acolhedor. Diz ter como missão contribuir para a formação integral dos estudantes, formando cidadãos mais conscientes e preparados para o futuro. É fundadora e diretora geral da Escola Bilíngue Aubrick, de São Paulo.

Lívia Martins é pedagoga formada pela Unicamp, com MBA em Gestão Escolar pela USP-Esalq e especializações nas áreas de Tecnologia Educacional (USP-ICMC) e Neurociência e Psicologia Positiva (PUC-PR), Lívia tem mais de 10 anos de experiência em sala de aula como professora. Em 2015, iniciou sua trajetória na gestão, atuando em diferentes papéis. É diretora pedagógica das unidades Progresso Bilíngue.


Leia também:

/apidata/imgcache/0e22274fbf228b760dd32465b13fdd25.png?banner=middle&when=1764945749&who=338