Férias escolares: especialista orienta cuidados para evitar acidentes domésticos e primeiros socorros
Sufocamentos, quedas, queimaduras e intoxicações estão entre os casos mais comuns; profissional de Enfermagem orienta como agir nessas situações

Durante as férias escolares, o risco de acidentes domésticos com crianças aumenta, e especialistas alertam para medidas preventivas simples que podem evitar até 90% das internações por lesões não intencionais no Brasil.
O mês de julho marca o início das férias escolares, período em que as crianças passam mais tempo em casa. Com isso, o risco de acidentes domésticos tende a aumentar. Segundo dados levantados pela Aldeias Infantis SOS, organização global que lidera o maior movimento de cuidado do mundo, com informações do DataSUS, em 2023, os acidentes envolvendo crianças e adolescentes no Brasil cresceram quase 8% em comparação com o ano anterior. No total, foram registradas 119.245 internações causadas por lesões não intencionais, entre as faixas etárias de 0 a 14 anos, sendo o maior número desde 2019, período pré-pandemia.
Entre os acidentes mais comuns – e que mais cresceram nessa época – estão sufocamentos (+11,24%), quedas (+10,33%), queimaduras (+7,38%), afogamentos (5,78%). As intoxicações foram as únicas que apresentaram queda de 0,14%, mas ainda precisam de atenção. Conforme o levantamento, a cada hora, cerca de 13 crianças são internadas por lesões não intencionais, sendo que 90% dos acidentes poderiam ser evitados.
O enfermeiro intensivista e docente do curso de Enfermagem da Estácio, Mikael Flambertto, orienta medidas simples de prevenção. “Nessa fase do desenvolvimento, é natural que as crianças explorem os ambientes com mais curiosidade, então manter a casa organizada, sem tapetes soltos ou objetos cortantes ao alcance dos pequenos, é uma atitude eficaz e preventiva”, aponta o especialista.
Mikael chama atenção para os riscos na cozinha, especialmente com panelas e líquidos quentes. “Queimaduras de primeiro grau, com vermelhidão e dor local, devem ser tratadas com água corrente fria por até 20 minutos. Em casos mais graves, quando o local atingido apresenta bolhas, é essencial buscar atendimento médico imediato”, orienta o especialista em cuidados intensivos.
Os engasgos são comuns na infância, especialmente com alimentos, mas exigem atenção imediata aos sinais de sufocamento. “Dificuldade para respirar, coloração arroxeada e perda de consciência são os principais alertas. Nesses casos, é fundamental iniciar a manobra de desobstrução de vias aéreas, sendo a mais conhecida a de Heimlich, e acionar o socorro médico imediatamente. É importante também que as pessoas tenham conhecimento específico sobre as técnicas aplicadas para o desengasgo, procurando cursos que priorizem o desenvolvimento de habilidades, pois os primeiros minutos são cruciais para a vítima”, alerta o profissional.
Outro risco frequente são as intoxicações, principalmente com produtos de limpeza e medicamentos. “Esses itens devem ser mantidos fora do alcance das crianças, de preferência em locais trancados. Se houver ingestão acidental, nunca se deve induzir o vômito. O correto é procurar atendimento médico de urgência o quanto antes”, aconselha Mikael.
Kit de primeiros socorros pode fazer a diferença
Os dados mais recentes do Sistema de Informações sobre Mortalidade Infantil, do Ministério da Saúde, mostram que, entre 2020 e 2021, foram registrados 1.616 óbitos no Brasil de crianças entre 0 e 14 anos em decorrência de acidentes ocorridos dentro de casa. Por isso, montar um kit de primeiros socorros para ter em casa pode fazer a diferença.
“Itens como gazes, soro fisiológico, ataduras, antisséptico, luvas, tesoura sem ponta, termômetro e medicamentos indicados pelo pediatra são essenciais”, orienta o enfermeiro.
Além disso, ele lembra que, em qualquer situação de emergência, é fundamental acionar imediatamente os serviços de emergência pelo 192 (SAMU) ou 193 (Corpo de Bombeiros), que oferecem suporte rápido e especializado.