Quando pensamos na profissão de professor, a primeira imagem que nos vem à mente... pode ser a de um mestre paciente e sábio, cercado de alunos ávidos por conhecimento. No entanto, a realidade por trás da sala de aula é bem mais complexa e desafiadora do que essa visão idealizada. O detentor do conhecimento sábio já está sobrecarregado de informações que não servem para muita coisa, pois são cada vez mais instigados a dizer menos, mas continuar realizando formações para, diga-se assim, manter-se atualizados.

Sem liberdade de expressões e, caso o faça, as consequências podem ser um tanto que dramáticas, já que cada ser tem a sua própria interpretação e a condenação é a consequência. Por isso, haja paciência em suportar diariamente, as adversidades da profissão, onde deveria ser um ambiente repleto de saberes e trocas vem a ser um local de dores, desgastes, queixas e mentiras.

Um jogo de fingir ensinar e as crianças tentando aprender em meio a um turbilhão de falta de autoconhecimento e confiança para todos os lados. Ser professor hoje é uma jornada árdua, repleta de obstáculos que vão muito além da simples transmissão de conteúdo ou, por muito, somente isso "transmissão" sem reflexão ou práticas, mas no papel tudo é muito lúdico.

O professor contemporâneo é, ao mesmo tempo, educador, psicólogo, mediador de conflitos, assistente social, médico e, muitas vezes, um suporte emocional para seus alunos e, por muito, família.

Nas redes sociais, as brincadeiras são constantes e acabam sendo consideradas ações normais onde os educadores precisam dar conta das realidades absurdas causadas por um sistema rasgado, pois até o assistencialismo chegar na escola, a criança e o professor podem colapsar. Fato! Muitas crianças estão na lista de espera por atendimentos especializados por mais de 3 anos, e? Sem falar na saúde do professor que precisa dar conta de tudo com sorriso no rosto como se tudo estivesse perfeito, mas sempre foi por amor, não é mesmo?

A sala de aula é um microcosmo da sociedade, e nela chegam crianças e adolescentes com as mais diversas realidades: problemas familiares, dificuldades de aprendizagem, questões emocionais e sociais que impactam diretamente seu desempenho. Lidar com essa pluralidade exige um esforço monumental e uma dedicação que transcende as horas de trabalho. Os professores? Também doentes, precisam deixar de lado suas dores e dar conta do recado, pois para que tanto stress! para quê reclamar tanto? se têm três meses de férias! E, como não esquecer o salário maravilhoso? Só para constar, os cinco mil reais, que poucos falam são para jornadas de quarenta horas! Parece bom, mas distribuídos em 60 horas mais o desgaste mental, será que compensa?

Além das questões interpessoais, a profissão enfrenta desafios estruturais. A desvalorização salarial é um problema crônico que afasta talentos e sobrecarrega os profissionais que permanecem. Muitos professores precisam conciliar mais de uma jornada de trabalho para garantir uma renda digna, o que resulta em esgotamento físico e mental. Falamos aqui de jornadas que permeiam de quarenta a sessenta horas. A falta de recursos básicos nas escolas, que vão de papel higiênico, a superlotação das turmas e a pressão por resultados para apresentar índices, muitas vezes em detrimento de uma educação mais humanizada?!?

O avanço tecnológico, trazendo novas ferramentas, também impõe desafios, pois nas formações ofertadas aos educandos são apresentados modelos de ensino com salas temáticas equipadas com computadores e boa tecnologia, mas a princípio, há necessidade em otimizar o sinal Wi-Fi, depois buscar pelas salas com recursos tecnológicos que, em muitas escolas, não existem. O professor precisa se manter constantemente atualizado, aprendendo a incorporar novas tecnologias com muita criatividade e sem material em suas aulas e a competir com um mundo de informações acessíveis instantaneamente. A luta contra as “Fake News" e a necessidade de ensinar os alunos a desenvolverem um senso crítico apurado tornam a tarefa ainda mais complexa.

Apesar de todas as dificuldades, o papel do professor é, e sempre será, essencial para a construção de um futuro melhor. Eles são os pilares da educação, responsáveis por formar cidadãos críticos, pensantes e preparados para os desafios do amanhã. O reconhecimento da profissão, com melhores salários, mais apoio psicológico, de qualidade e investimento em infraestrutura, não é apenas uma questão de justiça, mas uma necessidade urgente para que possamos construir uma sociedade mais justa e equitativa.

Portanto, quando olhar para um professor, não veja apenas alguém que ensina. Veja um herói diário, um profissional que, apesar de todas as adversidades, persiste na missão de transformar vidas. E lembrar que, admiração é importante, mas apoio e investimento na educação são a única forma de realmente aliviar o peso que a profissão carrega, enquanto ainda dá tempo.

Flávia Grison