Após ser mandado duas vezes para casa com diagnóstico de gripe, bebê de 36 dias é internado em UTI com bronquiolite
Jovem pai suspeita de negligência após três atendimentos resultando em diagnóstico tardio de bronquiolite em bebê de 36 dias, que precisou ser reanimado e permanecer em UTI em estado grave. "Todos os protocolos foram cumpridos", afirma representante da Saúde de São Marcos

Bebê de 36 dias internado em leito hospitalar, coberto por manta amarela, após agravamento do quadro de bronquiolite. Foto: divulgação
Pai procurou o São Marcos Online para expor uma denúncia de possível negligência médica envolvendo o atendimento de um bebê de apenas 36 dias. O pai da criança, um jovem de 19 anos, relata que ele e a esposa, de 17, buscaram atendimento na Secretaria Municipal de Saúde por três vezes na última semana, sendo a primeira delas na tarde de quarta-feira, 9 de julho.
Segundo o relato, o bebê apresentava sinais preocupantes como secreção nasal intensa e dificuldade para respirar. Na primeira consulta, a família foi atendida por um pediatra e liberada com a orientação de que se tratava apenas de uma gripe comum. Porém, o quadro de saúde da criança piorou, e os pais retornaram na sexta-feira (11), sendo atendidos por outro médico, que repetiu a conduta: sem encaminhamento para o hospital, exames ou suporte como oxigênio, a criança foi novamente liberada para casa.
“Todas as vezes falavam que era só gripe, não mandavam para o hospital, não pediam exames, não davam oxigênio, só mandavam pra casa. E meu filho só piorando”, relata o pai, visivelmente indignado.
O quadro se agravou ainda mais no início desta semana. Nesta segunda-feira (14), os pais voltaram à unidade de saúde após a criança apresentar sinais de agravamento severo. “Ele chegou lá tendo uma parada cardíaca. Aí se agilizaram e, por segundos, conseguiram reanimar ele”, contou o pai. Segundo ele, apenas neste momento foi providenciado o encaminhamento imediato ao hospital.
O bebê foi transferido para o Hospital São João Bosco e, diante da gravidade do caso, foi removido de ambulância ao Hospital Geral de Caxias do Sul, onde permanece internado na UTI, respirando por aparelhos e com uso de sonda, com diagnóstico de bronquiolite — uma infecção respiratória que pode ter complicações graves em recém-nascidos. Além disso, conforme avaliação médica feita esta manhã, o bebê está com infecção no sangue, pulmões comprometidos e uma alteração no fígado.
“Graças ao médico do hospital, que agiu rápido e fez de tudo pra estabilizar ele. Foi uma baita negligência o que fizeram na Secretaria. Meu filho está lutando pela vida e tudo isso poderia ter sido evitado”, desabafa o pai.
A criança nasceu saudável no Hospital São João Bosco, em São Marcos. A família mora no município; o pai é mecânico e a mãe dedica-se integralmente aos cuidados do bebê.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de São Marcos, e obteve a reposta da secretária adjunta.
Secretaria de Saúde esclarece protocolos
Por sua vez, a secretária adjunta de Saúde, Marines Becker de Araújo, defende que os protocolos foram respeitados: “Paciente trazido pela mãe, na última semana por duas vezes (dia 09 e 11/07) com queixa de sintomas gripais. Avaliada por dois médicos em momentos diferentes, sem sinais de agravo, liberado com prescrição e orientações.”
Segundo ela, na visita do dia 14, a equipe de enfermagem identificou a parada cardiorrespiratória (PCR) apenas no acolhimento, após provável aspiração (engasgo) que “teria ocorrido há poucos minutos”: “A equipe médica e de Enfermagem agiu prontamente, reanimando o paciente e revertendo o quadro e encaminhado com agilidade e brevidade para o hospital. É a conduta médica que define todos os procedimentos e os encaminhamentos, foram seguidos os protocolos durante os atendimentos realizados”, apontou a secretária adjunta.