Fato ou Fake? Rombo no INSS expõe fraudes bilionárias e desinformação
Descontos irregulares afetaram milhões de aposentados; CGU confirma desconhecimento das entidades. Saiba se você foi vítima.

Descontos irregulares afetaram milhões de aposentados; CGU confirma desconhecimento das entidades. Saiba se você foi vítima. Leia a reportagem completa com resumos dos fatos atualizado e fique bem informado
Um esquema de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) veio à tona com a deflagração da Operação Sem Desconto, coordenada pela Polícia Federal (PF) em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU). O escândalo, que já soma prejuízos bilionários, expôs práticas irregulares que ocorriam há anos e envolviam entidades de classe que descontavam mensalidades diretamente da folha dos segurados sem autorização.
Segundo os órgãos de controle, entre 2019 e 2024, o prejuízo total pode chegar a R$ 6,3 bilhões. Uma auditoria da CGU revelou que, entre janeiro de 2023 e maio de 2024, o valor estimado dos descontos indevidos foi de R$ 45,5 milhões, com um valor médio de R$ 39,74 por aposentado.
Aposentados não sabiam dos descontos
O ponto mais alarmante revelado pela CGU foi o desconhecimento da maioria dos aposentados em relação às entidades responsáveis pelos descontos. De 1.273 beneficiários entrevistados em todo o país, apenas 52 disseram conhecer ou estar filiados às instituições envolvidas. Desses, apenas 31 afirmaram ter autorizado os descontos.
Em outro levantamento realizado no município de Raposa (MA), entre os dias 15 e 19 de abril de 2024, nenhum dos 35 entrevistados reconheceu as associações nem autorizou qualquer desconto em seus benefícios.
As entidades envolvidas firmaram Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o INSS, o que possibilitou os descontos automáticos — medida que a CGU agora classifica como irregular.
INSS e Governo Federal adotam medidas
Após a operação, o INSS suspendeu todos os descontos vinculados a esses acordos. A Advocacia-Geral da União (AGU) montou uma força-tarefa para buscar ressarcimento dos valores pagos indevidamente. O governo anunciou que os valores descontados em abril serão devolvidos na próxima folha de pagamento, prevista para o mês de junho.
O INSS afirmou, em nota, que das 11 entidades investigadas, apenas uma firmou acordo em 2023, ressaltando que a maioria dos atos irregulares ocorreu em gestões anteriores.
Fake news desmentidas
Diante da repercussão do caso, surgiram nas redes sociais informações falsas, como a de que o irmão do presidente Lula, Frei Chico, estaria sendo investigado no escândalo. Durante entrevista ao canal ICL Notícias, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, negou com veemência qualquer investigação contra Frei Chico ou contra o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (SINDNAPI).
“O SINDNAPI e o irmão do presidente não são alvos da investigação”, declarou Andrei, destacando que a disseminação de fake news apenas atrapalha o trabalho das autoridades e confunde a população.
Próximos desdobramentos
As investigações seguem sob a responsabilidade da Polícia Federal e da CGU. Novas fases da operação não estão descartadas. Também não se descarta o envolvimento de outros servidores públicos, além dos cinco já investigados e do ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que foi afastado de suas funções.
Além de buscar responsabilização criminal dos envolvidos, o governo pretende revisar e endurecer os critérios para futuros convênios entre entidades e o INSS. Entre as medidas estudadas estão a adoção de assinatura eletrônica, biometria e confirmação por aplicativos para evitar novas fraudes.
🔍 Como saber se houve descontos indevidos no INSS:
- Consulte o extrato de benefício pelo app ou site Meu INSS.
- Caminho:
Meu INSS → Login com Gov.br → “Extrato de benefício” → Clique no número do benefício → Verifique se há mensalidades associativas descontadas.
❌ Como excluir cobranças indevidas:
- No Meu INSS, faça um novo pedido e selecione “excluir mensalidade associativa”.
- Siga as instruções na tela para concluir a solicitação.
🛑 Como bloquear futuras cobranças:
- No Meu INSS, busque por “solicitar bloqueio ou desbloqueio de mensalidade”.
- Selecione o serviço e siga as instruções para impedir novos descontos.
💰 Como pedir devolução de valores:
- Contate a entidade pelo número 0800 (presente no holerite) ou envie e-mail para:
acordo.mensalidade@inss.gov.br. - O INSS solicitará à entidade os documentos que autorizam o desconto ou exigirá a devolução do valor.
📢 Canais para denúncia ou reclamação:
- Portal Consumidor.Gov
- Ouvidoria do INSS via Plataforma Fala BR