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O perfume da uva está no ar

Faz alguns dias já que as estradinhas do interior de São Marcos estão impregnadas pelo aroma das uvas. Esse perfume tende a se intensificar nesta semana, quando mais cachos amadurecem e a colheita se espalha.

Atualizado em 09/02/2023 às 09:02, por Equipe SMO.

O perfume da uva está no ar

Faz alguns dias já que as estradinhas do interior de São Marcos estão impregnadas pelo aroma das uvas. Esse perfume tende a se intensificar nesta semana, quando mais cachos amadurecem e a colheita se espalha. Em algumas propriedades a vindima começou dias atrás, mas é nesta semana que a fruta começa a atingir o ponto de colheita e o trabalho se generaliza pelas colônias. A julgar pela avaliação dos especialistas, a qualidade da safra fará plena justiça ao delicioso aroma que está no ar.

A colheita, como de hábito, está começando pelas uvas bordô e niágara (branca e rosada), variedades consideradas precoces. A uva isabel ainda está maturando, e será colhida nos fins de fevereiro, começos de março.

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Embora o otimismo com a qualidade da fruta seja generalizado, São Marcos vai amargar perdas significativas no volume colhido. As geadas tardias do ano passado, em outubro e novembro, afetaram sobremaneira as parreiras. Segundo a presidente do Sindicato de Trabalhadores Agricultores Familiares de São Marcos, Sandra Meneguzzo, alguns pontos do interior terão perdas de até 70% nas uvas precoces. Em todo o município, a perda é estimada em 50%, em média. A isabel, mais tardia, se safou das friacas fora de época e não terá quebra de safra.

A escassez de chuva, contudo, não está afetando a safra. Pelo contrário, sem umidade, cai a possibilidade de formação de fungos.

“A uva está numa qualidade boa. Reduziu o tamanho do cacho, mas a qualidade permanece”, afirma Sandra.

Extensionista rural da Emater de São Marcos, o engenheiro agrônomo Rudinei Girardello confirma a expectativa:

“Espera-se uma redução de produtividade, mas com qualidade”.

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São Marcos abriga 1.250 hectares de parreiras. Cada hectare produz em média 25 mil quilos de uva. Na safra 2022, a produção bateu em quase 30 milhões de quilos. Bordô e isabel são as variedades predominantes, somando cerca de 90% das parreiras. O restante é ocupado por niágara e algumas variedades de uvas finas.

Otimismo e paciência

Enólogo da Emater de Bento Gonçalves, Thompsson Didonê também está otimista em relação à qualidade da safra 2023:

“Hoje, podemos afirmar que a qualidade das uvas americanas precoces (bordô e niágara) é muito boa, com bom teor de açúcar. Mas ainda não dá para avaliar a safra toda, pois a isabel (igualmente americana) ainda não foi colhida. E a qualidade das uvas finas será excelente. A tendência é que tenhamos uma safra estabilizada na região”.

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Thompsson explica que os cachos estão menores porque o clima esteve excessivamente nublado e chuvoso no período de floração das videiras, em agosto. O profissional também destaca que o fenômeno das geadas tardias não afetou os parreirais da região de forma uniforme. As perdas verificadas em São Marcos, portanto, não vão se repetir da mesma forma nas cidades vizinhas.

Thompsson faz um apelo aos produtores nessa largada de vindima: pede que haja calma, que a colheita seja com qualidade, no momento exato de maturação da fruta, sem precipitação.

“O momento é de paciência. A gente já tem um produto de qualidade. Quanto mais a gente caprichar, melhor”, ensina.

Preço mínimo gera impasse

Nem tudo é perfume sob as parreiras. A safra recém-começou e o produtor já está às voltas com um problema recorrente, o preço da uva. Neste ano, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) fixou o preço mínimo do quilo das uvas americanas (bordô, niágara e isabel) em R$ 1,58. O valor é 20,6% superior ao de 2022.

Segundo Sandra Meneguzzo, porém, as cantinas estão propondo pagar apenas R$ 1,40 ao quilo.

“O preço estaria satisfatório ao produtor se a tabela fosse respeitada. Todo ano é a mesma coisa”, lamenta Sandra.

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Segundo ela, algumas vinícolas costumam pagar o valor da tabela, mas são exceção.

Entidades que representam os produtores rurais estão tentando assegurar o pagamento da tabela. A Comissão Interestadual da Uva, que reúne produtores do RS e de SC, argumenta que o produtor teve aumento nos custos, especialmente de insumos e mão-de-obra, por isso defende o preço mínimo fixado pelo governo.

Em contrapartida, a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) alega que as cantinas possuem grande estoque de vinhos de mesa, inviabilizando o preço da tabela da Conab.

“Essa é a nossa luta, por R$ 1,58”, reafirma Sandra.

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A prefeitura durante a safra

A prefeitura de São Marcos diz estar atenta às necessidades dos produtores neste começo de vindima. Questinado sobre programas que possam beneficiar os colonos durante a safra, o diretor de Agricultura, Luiz Antonio Tonietto, enviou a seguinte resposta por meio da assessoria de imprensa:

“A Secretaria de Agricultura está atenta, ainda mais em período de safra, às necessidades dos produtores. Está sendo programado ainda para este período a realização de roçadas nas margens das estradas, acompanhando os trabalhos de manutenção da Secretaria do Interior. Também temos no planejamento o objetivo de passar diretamente nos produtores para verificar quaisquer dificuldades de acesso que existam, a fim de solucionar o que estiver dentro do domínio público.

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Quanto aos programas de benefício direto ao agricultor, destaco o Cheque Incentivo. Ano passado foram 42 cheques incentivos, sendo 20 desses beneficiários os produtores de uva e, para este ano, já temos 21 processos em andamento. O Cheque Incentivo consiste em acolher um projeto do agricultor, que vise ampliar/melhorar sua produção, avaliar e, assim, contribuir com dinheiro para a execução da obra/ampliação/irrigação na propriedade. Em 2023, inclusive, esse benefício será ampliado: o valor do subsídio vai aumentar de 40% para 45% para a utilização de até 20h de trator de esteira ou escavadeira hidráulica (usados para preparo de solo, abertura de acessos e aplicação das áreas produtivas) e também vai possibilitar a utilização de retroescavadeira 4×4 ou miniescavadeira hidráulica por até 5 horas com subsídio de 60%.

Estradas

Questionado sobre manutenção de estradas do interior durante a safra, o secretário do Interior, Renato Chinelatto, enviou a seguinte resposta por meio da assessoria:

“A malha viária de chão no nosso município hoje está em torno de 300 km, extensão à qual a Secretaria do Interior é responsável pelas melhorias como patrolamento e cascalhamento.

As manutenções em estradas do interior são constantes, nunca interrompemos. Agora para o período da safra, desde novembro que estamos intensificando e, como o clima é algo que muito interfere na conservação da estrada, não conseguimos seguir sempre um cronograma. Somos flexíveis justamente para atender onde mais precisa e garantir o escoamento da produção. Esta semana (semana passa), por exemplo, a manutenção está ocorrendo na comunidade de Pedras Brancas e na Linha Santana (onde, inclusive, há cerca de 80 produtores de uva).

Quanto aos benefícios para os produtores rurais, destaco ainda o grande trabalho que vem sendo feito para pavimentar o interior do município. Só nos últimos seis anos foram cerca de 30km de asfalto distribuídos em 15 comunidades da área rural. Isso contribui muito para um escoamento mais ágil da produção e também ajuda os trabalhos de manutenção do restante de malha viária que ainda não é pavimentado. Hoje, em 2023, são 30km a menos do que tínhamos em 2017/18 para realizar manutenção, asfaltos esses realizados em estradas principais, onde antes requeriam a presença constante de maquinário para melhorias”.